Os adolescentes norte-americanos estão se importando com alguma coisa.
De acordo com um estudo feito em 2005 pela Corporation for National and Community Service, aproximadamente 15,5 milhões de adolescentes – 55 por cento – participam de atividades voluntárias. O número de adolescentes voluntários é quase duas vezes maior que o de adultos, com 29 por cento. Os jovens voluntários somam mais de 1,3 bilhões de horas de serviços comunitários a cada ano, no EUA.
Muitos dos serviços são prestados em igrejas, levantando dinheiro para os mais necessitados. Grupos de jovens que se esforçam para levantar fundos (maratonas de voley, corridas de 30 horas) são matérias de capa dos jornais locais. Mas, às vezes, o empenho da juventude cristã é tão extraordinário, que se torna notícia nacional.
Christianity Today entrevistou dois desses adolescentes, também para contribuir com esse movimento.
Na maior parte dos times de basquete, se você errar a metade de seus três arremessos, simplesmente você estará no banco. A menos que você esteja jogando pelo Hoops of Hope (Gritos de Esperança). Mesmo o capitão do time – Austin Gutwein, que fundou o grupo há 14 anos – só acerta 50 por cento de seus arremessos livres. Mas, tudo o que importa para ele é que, por cada lance livre que ele arremessa – não importa quantos ele marque – um outro órfão da AIDS na África é ajudado. Esta é a premissa do Hoops of Hope, cujo fundador Austin, na idade de nove anos, criou após assistir a um vídeo da Visão Mundial sobre a AIDS na África. A história focava uma menininha da Zâmbia que havia perdido seus pais para a AIDS.
“Ela estava sozinha vivendo dentro de uma cabana de barro, encolhida sob uma lona, na chuva”, diz Austin, que vive com sua família – os pais Dan e Denise e a irmã Brittany, 13 anos – em Mesa, Arizona. “Era incrivelmente triste. Eu comecei a pensar em como seria a minha vida se eu perdesse os meus pais, e eu nem conseguia imaginar isso”.
“Eu senti como se Deus estivesse me dizendo para fazer alguma coisa”.
2057 lances livres - O que ele fez foi dar início ao que ele chama de levantamento de fundos “arremesso-uma-tonelada”. Ele pediu padrinhos que garantissem dinheiro enquanto ele arremessava uma ‘tonelada’ de lances livres – dando um novo significado ao termo “Golpe de Caridade”.
O Hoope of Hope lançou oficialmente o Dia Mundial da AIDS em dezembro de 2004, quando Austin lançou 2057 arremessos livres – um por cada criança órfã durante um típico dia escolar (baseado nas estimativas das Nações Unidas de que 6000 crianças no mundo ficam órfãs diariamente como resultado da AIDS).
Austin levantou mais de 3 mil dólares naquele ano e apadrinhou oito órfãos através da Visão Mundial. Esta agência de ajuda começou a anunciar a Hoope of Hope e pessoas ao redor do mundo começaram a apoiar seus eventos. A caridade, continuando a sua parceria com a Visão Mundial, tem levantado quase 500 mil dólares em quatro anos.
Parte do dinheiro foi utilizada para construir escolas na Zâmbia. Austin esteve na última grande abertura do outono, onde líderes da aldeia agradeceram a ele diante de uma multidão de mais de mil pessoas.
“Eu estava sem fôlego”, diz Austin. “Esta escola vai fazer muito por estas crianças e por esta aldeia”.
Em 2007, com mais de 5 mil participantes em todo o mundo, Hoope of Hope angariou mais de 200 mil dólares para a construção de um laboratório médico e um centro de aconselhamento em Zâmbia; Austin pretende visitar este projeto em março.
Neste ano a Hoope of Hope almeja levantar dinheiro suficiente para construir uma outra clínica em Zâmbia, com foco na prevenção da transmissão do vírus da AIDS de mãe para filho.
“A prevenção é parte importante de nossa missão”, diz Austin. “Em primeiro lugar queremos prevenir que crianças fiquem órfãs. Queremos que aqueles que têm AIDS recebam tratamento. E queremos que eles aprendam sobre o amor de Cristo”.
Hoopes of Hope adicionou outro parceiro este ano: o Revolve Tour, em evento para apresentar adolescentes musicistas e oradores cristãos – incluindo Austin. Milhares estão se inscrevendo para participar do projeto.
Quando Austin fala nas conferências, ele diz às meninas, ”vocês não têm que mudar o mundo. Você só muda o mundo através de uma pessoa”. Austin não criticou as questões políticas ou morais da AIDS.
“Quando crianças, não nos preocupam a respeito do por que e como qualquer pessoa contrai a doença”, ele diz. “Tudo o que nós, crianças, queremos fazer é ajudar outras crianças”.
“Nós podemos mudar o mundo como crianças”, ele acrescenta, citando I Timóteo 4:12 como sua motivação. “Nós não precisamos esperar até ficarmos adultos. Nós podemos fazer a diferença agora”.
Outra pequena missionária - Enquanto uma pré-escolar, Kendall Ciesemier acreditava que cresceria para ser famosa, embora ela não soubesse para quê.
Então, um dia, na quarta série, Kendall foi até seus pais, Mike e Ellery, e disse, “Deus me disse que vou ser famosa para ajudar as pessoas”.
Mas que pessoas? Ela encontrou a resposta um ano mais tarde enquanto assistia a um programa especial da ‘Oprah’ sobre os órfãos da AIDS na África. Kendall, então com 11 anos, foi movida pela história de uma menina de 12 anos que havia perdido seus pais para a AIDS e estava cuidando de seus três irmãos mais novos.
“Eu pensei”, como alguém consegue fazer aquilo?”, Kendal, agora com 15 anos, diz: “Minha mãe estava lá sentada, chorando, mas eu pensava, ‘você pode chorar, mas eu vou fazer alguma coisa a respeito disso’”.
Ela foi para o seu quarto, fez uma pesquisa na internet sobre “Órfãos da AIDS na África” e encontrou o site da Visão Mundial, onde ela aprendeu que poderia apadrinhar uma criança com 360 dólares por ano. Então ela juntou o dinheiro para o seu aniversário, para o natal e parte de suas economias, encheu um envelope e pediu um selo a seus pais.
“Eu estou apadrinhando uma criança”, anunciou ela. “E não me façam muitas perguntas, porque eu quero fazer isto por mim mesma”.
Seis meses depois, Kendall precisou de um transplante de fígado. Nascida com uma rara doença chamada “atresia biliar”, ela viveu uma infância relativamente normal, embora com freqüentes cuidados médicos. Passou a maior parte do verão de 2004 no hospital. O primeiro transplante falhou devido a complicações, mas o segundo foi um sucesso.
Pouco antes de ser admitida no hospital, Kendall teve uma idéia: Ao invés de juntar a variedade usual de flores, bolas e ursos de pelúcia que ganharia enquanto estivesse no leito do hospital, porque não pedir às pessoas donativos para os órfãos da AIDS? Ela voltou ao site da Visão Mundial e aprendeu que ela poderia apadrinhar uma comunidade em Zâmbia com 60 mil dólares.
“Então este será o meu objetivo”, diz ela. “Meus pais disseram algo como ‘talvez você devesse dar mil dólares’. Eles tentaram me convencer a diminuir meu alvo, mas eu estava numa de ‘de jeito nenhum’”.
E, com isso, às vésperas de uma cirurgia à qual ela poderia não sobreviver, nasceu a Kids Caring 4 Kids.
Uma vez fora do hospital, ela recrutou amigos e assou pães para vender, montou uma barraca de limonada e vendeu camisetas do KC4K. Em outubro de 2006 ela alcançou os 60 mil dólares.
Kendall também se associou ao ministério para AIDS da Wheaton Bible Church, uma congregação no bairro suburbano de Chicago, que sua família estava freqüentando naquela época. Através dos parceiros e missionários da igreja, Kendall e o KC4K começaram a sustentar, com o Hope for Life, um ministério para órfãos no Kenia.
Informações sobre o KC4K começaram a se espalhar. A CBS fez uma chamada para o The Early Show. Ainda em 2007, Kendall foi nomeada uma das ‘Dez Mais Jovens Voluntárias’ na nação, pela Prudential.
Reunião surpresa – Então Oprah comentou. Trabalhando secretamente com os pais de Kendall, a equipe de Oprah organizou uma reunião surpresa na Escola Secundária de Wheaton, em setembro de 2007. O ex-presidente Bill Clinton, na época promovendo seu novo livro Ofertando, estava lá como convidado especial.
Enquanto Clinton fazia um discurso geral sobre os serviços prestados pela escola, Kendall, sentada no meio da multidão, pensava, “Nós não somos diferentes de qualquer outra escola. Isto é tão pouco”. A próxima coisa que ela ouviu foi o ex-presidente Clinton chamar seu nome, acenando para que ela fosse ao palco. Clinton disse que ele estava tirando-a de Chicago – agora mesmo – para ser uma convidada especial no programa da Oprah. Kendall, seus pais e seu irmão mais velho se amontoaram dentro de uma caravana com o ex-presidente. Duas horas mais tarde ela estava na TV, sentada entre Oprah e Clinton, falando sobre a KC4K para os telespectadores.
“Eu me perguntava se estava sonhando”, ela diz agora. “Foi algo absurdo”.
Ficou mais absurdo ainda quando Clinton anunciou que um amigo anônimo estava doando um cheque para o KC4K no valor de 500 mil dólares. “Eu simplesmente comecei a chorar”, diz Kendall. “Eu pensei ‘isto não poderia ser melhor’”.
Agora, completamente saudável, ela foi liberada pelos médicos para fazer sua primeira viagem à África, que espera que aconteça no próximo ano. Kendall diz que o total levantado pelo KC4K, em 5 anos, é superior a 700 mil dólares.
O dinheiro está sendo gasto para ajudar crianças africanas. Dois projetos recentes, ambos com a Bright Hope International, incluem a construção de um dormitório num orfanato Keniano e um programa alimentar para 600 viúvas, órfãos e pacientes com AIDS em Zâmbia. Eles estão pesquisando mais projetos para fundar.
O pai de Kendall supervisiona as negociações finais, mas nenhum cheque é preenchido sem aprovação da menina. “Eu tenho que checar tudo por ser a pessoa que toma a decisão final”, diz ela. “Funciona como uma espécie de compra – eu tenho que ir ao shopping com o dinheiro todo para escolher projetos que eu possa apoiar para mudar a vida de pessoas”.
Ela resume sua experiência dizendo, “Quando você se entrega totalmente como instrumento nas mãos de Deus e deixa que Ele trabalhe através de você, Ele ouve. E ele trabalha”.
Judith Nichols, uma especialista em geração de ofertas, tem comparado quatro gerações, que nasceram entre a primeira e a segunda Guerra Mundial, e a juventude hoje. Ela conclui que os que compuseram a geração mais antiga e os da mais nova têm mais senso de civismo do que as que estão no meio. “Mas, enquanto a mais antiga estava focada na América, os jovens de hoje incorporaram uma preocupação com o mundo inteiro. Kendall e Austin são exemplos profundos disso”.
Para mais informação, visite o site hoopesofhope.org e kidscaring4kids.com.
Fonte: Cristianismo Hoje
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